sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Património Cultural

"Património Cultural é uma herança que recebemos e, como todas as heranças, serve para as gozarmos e protegermos e não para desperdiçar, deve-se conservá-la e valorizá-la"
Henrique barreto Nunes

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Os Rios são património de todos Nós.
Se pensarmos nos rios como cursos de água e nada mais, estamos completamente errados.
Só para terem uma ideia da biodiversidade que há no rio cávado aqui bem perto, na ponte do bico há peixes: barbos, trutas, lúcios, achegans, escalos, há aves: garças gigantes, corvos marinos, patos bravos, guarda-rios, há lagostins, há lontras, há cobras de água, não podemos esquecer as espécies vegetais como os amieiros, vidoeiros, plátanos, freixos, choupos, isto são apenas algumas espécies que se podem ver neste magnifico curso de água e parece que ninguém o valoriza á excepção de algumas pessoas que realmente se preocupam, Nós os portugueses em geral temos tendência para dar valor a tudo o que é estrangeiro, quando nós temos aqui uma natureza fora do comum mas que teimamos em destruír até que um dia já só tenhamos betão e asfalto, aí será tarde demais, que herança vamos deixar aos nossos filhos e netos. 
Os rios albergam nos seus leitos uma diversidade de vida animal e vegetal impossível de descrever num texto, os rios na natureza são como o sangue que corre nas nossas veias, se não nos cuidarmos morremos, com os rios é a mesma coisa, não basta aprovar regulação das descargas industriais dos municípios, é preciso que as partes intervenientes dêem o exemplo e não façam como certas empresas que descarregam para o cávado as lamas da decantação da estação de tratamento de águas e com essas descargas mata toda a vida animal e vegetal do rio cávado, o que ainda é pior é que certas autoridades que estão incumbidas da preservação do ambiente fechem os olhos a toda estas descargas mesmo quando são chamados a verificar no local as descargas, já aconteceu comigo que chamei as autoridades e no momento em que chegaram o esgoto que descarregava as lamas referidas começou a deitar água limpa para cinco minutos depois de irem embora voltar a deitar esgotos. 
Os rios não podem ser o esgoto dos poderosos que tudo fazem para ter mais lucro e nos enviam facturas com tarifas de resíduos que pagamos sem questionar.
Que futuro vamos deixar para as próximas gerações, com cursos de água poluídos que depois custam milhões para despoluir, está claro que despoluir é mais um grande negócio para certas pessoas sem escrúpulos e ávidos de lucros, não seria melhor para todos manter os rios sempre limpos. A consciência é uma coisa fácil de por na prateleira quando se tem lucros fantásticos à custa daquilo que é de todos nós e também dos animais e vegetais mas esses não tem palavra a dizer, só lhes resta morrer por causa da estupidez e da ganância desses senhores.
Em Portugal as coimas para os crimes ambientais são como multas de estacionamento.
Já chega de revolta, vamos mas é preservar o património que nos resta, porque o património é a nossa identidade e os rios também são património com VIDA.


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Mitos Urbanos

Em Braga há um mito de uma estrada magnética no Bom Jesus, Pelo que algumas pessoas dizem os automóveis sobem em ponto morto quando deviam descer, é claro que tudo não passa de uma ilusão de óptica, porém este mito deu origem a outro mito: E o mito é o seguinte: se desse-mos o Bom Jesus aos Americanos para eles extraírem o minério, eles em troca abriam um braço de mar até braga. Este mito circulou muito nos anos 70 e 80 e era afirmado a pés juntos por muitos bracarenses.

Também já ouvi por parte de alguns bracarenses que o clima está mudado porque os americanos mexeram na lua ou andaram a mexer lá em cima.

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Os mitos urbanos não são mais do que histórias, algumas estranhas, que passam de boca em boca. Alguns desses mitos podem ser mais clássicos, outros há com um cariz mais político, como por exemplo a história de Mário Soares a pisar uma bandeira nacional numa manifestação em Londres. Outros há como dizem que Mickael Jackson está vivo. Deixem-me contar algumas dessas histórias.
Falemos do “Ladrão de rins”!
Duas amigas decidem ir ao cinema. A meio do filme uma dela decide ir à casa de banho. O tempo passa e ela ainda não tinha voltado. A amiga como achou estranho decide ir à procura dela e encontra-a no chão da casa de banho inconsciente, com um golpe num dos lados da barriga. Depois de ter sido reanimada a amiga disse que não se lembrava de nada. No hospital constataram que lhe faltava um rim.

E a lenda do “Trevo da sorte”, sabem qual o significado?
O trevo da sorte é internacionalmente conhecido como um amuleto ou talismã natural pela raridade de conter quatro folhas.
Diz a lenda que no ano de 200 antes de Cristo, mestres, juízes e sacerdotes na Inglaterra e Irlanda consideravam o trevo de quatro folhas sagrado por formar a imagem da CRUZ pelas quatro folhas, significando perfeita unidade e equilíbrio. Ou seja, para eles, achar um trevo de quatro folhas era não ter dificuldades na vida, apenas SORTE e SUCESSO. Além da imagem da Cruz, cada folha também possui um significado, que pode ser interpretado de algumas maneiras, por exemplo, como as quatros estações do ano, as quatro fases da Lua, os quatro elementos da Natureza e ainda traz um significado de: Esperança, Fé, Amor e Sorte.
Os Druidas (pessoas encarregadas das tarefas de aconselhamento, ensino, jurídicas e filosóficas dentro da sociedade celta) acreditavam que o trevo de quatro folhas era portador de boa fortuna e aquele que possuísse um para si, seria capaz de absorver poderes da floresta e até mesmo a boa sorte dos Deuses. Diz a lenda, que quando encontrar um trevo de quatro folhas, o ideal é que você o dê de presente a um ente querido e próximo, pois assim, ambos serão mais afortunados e prósperos. Para que a sua sorte seja ainda maior, encontre um trevo de 4 folhas.

Uma folha para a fama,
Uma folha para a riqueza,
Uma folha para ter um amante fiel,
E uma folha para trazer uma saúde gloriosa!

Tudo isso em um Trevo de Quatro Folhas.
Acreditar na veracidade destas histórias está nas crenças de cada um, muitas vezes na nossa capacidade de transcender o real e ir até ao imaginário, ou até mesmo acreditar nelas como se fossem um motivo para justificar algumas fraquezas do ser humano.

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OS CORREDORES

Quando eu era menina a minha avó me contava muitas histórias, então há uma lenda que ela me contou que me ficou sempre na memória.

Dizia então ela, sabes antigamente havia homens que tinham um fado, ou uma maldição, levantavam-se a meio da noite saiam de casa e dirigiam-se para a árvore mais alta da freguesia, ali se despiam e deixavam as suas roupas penduradas, então já sem roupa teriam de correr sete freguesias e sete igrejas, sempre a correr pois tinham um limite de tempo para o fazer, depois voltavam de novo ao mesmo sitio onde tinham deixado a roupa, vestiam-se e voltavam para as suas casas, mas eles não sabiam que tinham esse fado.

Então os familiares e amigos sabiam o que se estava a passar e estudaram uma maneira de lhes acabar com esse fado, falaram com uma pessoa entendida na matéria e então essa pessoa lhes disse, para que eles percam este fado tem de alguém os seguir mas sem que eles deem por isso, quando eles deixarem as roupas vocês fogem com elas e depois queimam a roupa, e o fado quebrou, eles não tendo a roupa vão acordar e regressarão a casa despidos sem nunca perceberem o que lhes aconteceu.

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AS RATAZANAS DE MAFRA

A lenda conta que no Convento de Mafra existem ratos gigantes que mais parecem coelhos pelo seu tamanho, que são cegos, sem pêlo e que durante a noite saem para comer tudo aquilo que podem. Diz-se ainda que são os militares que os alimentam através dos buracos existentes nas paredes.

Esta história ganhou ainda mais força com a história do acidente de um soldado da Escola Prática de Infantaria que, ao estar no terraço a caçar pombos com um colega, caiu de uma altura de oito andares, directamente para os canais dos esgotos. O colega, com receio do castigo, não comunicou logo o acidente e, ao que parece, umas semanas mais tarde, o corpo foi encontrado roído pelas ratazanas já que as ratazanas existiam aos milhares nos quatro andares subterrâneos do Convento, entretanto isolados do exterior por resistentes portas blindadas.


sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Toda a vida europeia morreu em Auschwitz



Milénios de evolução e séculos de progresso não nos prepararam para a barbárie e malvadez que o Séc. XX nos reservou. O Holocausto marcou a página negra na história da humanidade que permanecerá eternamente na memória dos homens livres, para sempre relembrando que as sociedades justas são equilíbrios precários que importa cuidar e proteger.
A história documenta que a humanidade sempre cresceu na opressão, conquistando cidades, restringindo liberdades, impondo vontades e ocultando verdades. Seremos nós dignos do atributo de racionais quando tudo o que fazemos acaba num tormento irracional?
Expansão, evangelização, ostracização...
Seja a Educação capaz de nos recolocar no rumo certo, de volta ao caminho da prosperidade e da paz, sem aterrorizar nem amedrontar, mas na dignidade e respeito, todos cidadãos completos, com plenos direitos e viva voz.

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O holocausto aconteceu na Alemanha, poderia acontecer em qualquer país? SIM.
O partido nazi elaborou um plano para exterminar os judeus sem contemplações, todavia não foram os únicos ao longo da estória;
Os cartagineses foram exterminados pelos romanos na expansão do seu império,
No Camboja milhões de opositores ao regime dos kmeres vermelhos, foram exterminados,
Nas ditaduras de alguns países da américa latina houve extermínios em massa de pessoas que apenas se opunham aos regimes,
Na Rússia, o Estaline
Nas suas famosas purgas exterminou mais de cinquenta milhões de russos, Bielorrusos, Giorgeanos, ucranianos e outras minorias,
No desmembramento da Jugoslávia também houve extermínios por parte de todas as partes envolvidas.
Todos estes extermínios aconteceram em diferentes locais do Planeta e em diferentes ocasiões perpetrados pelas mais diferentes raças e culturas,
Conclui-se portanto que um holocausto não é um exclusivo dos alemães, conclui-se que toda a Humanidade é capaz das maiores barbaridades contra a própria Humanidade.
Nas condições certas todos os povos são capazes de perpetrar um extermínio de uma raça, etnia ou cultura.
Não nos deixe-mos enganar a pensar que este ou aquele povo são mais capazes de um extermínio, todos o somos. 
Será evitável?

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Este artigo é, a meu ver, interessante pelo facto do escritor relatar e espelhar o sentimento de desaprovação total pelo holocausto, pelo genocídio em massa de milhões de judeus, enfim pelo extermínio étnico patrocinado pelo Estado nazista liderado por Hitler durante a segunda guerra mundial. Parte deste artigo é absolutamente provocador ao ponto de referir a Europa como destruidora de judeus e acolhedora de muçulmanos e, ao acusar a sociedade muçulmana de ter feito um contributo menor para a ciência, medindo a quantidade de prémios nobel, ao que julgo ser algo incomensurável. 
O autor foi imprudente e irresponsável na transmissão do seu pensamento, pois porque condena toda a sociedade muçulmana pelas ações de alguns indivíduos, revela uma atitude reprovável já que, o extremismo que ele condena é o extremismo que ele próprio revela nas suas próprias afirmações.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Tenório




A história do Tenório, o galo da obra dos “Bichos” de Miguel Torga, é a história dos muitos Tenórios na Terra. A personagem mostra como se relaciona com outros seres vivos. O conto, igualmente, retrata o ciclo de vida dos seres vivos, que nascem, crescem e morrem. Ciclos de vida marcados pelos sucessos, fracassos e incertezas da vida.
No ciclo de vida de cada ser vivo, nas suas várias etapas cada um tem o seu lugar definido, desempenha a sua função. São “criados” para desempenhar um determinado papel na Terra, e no caso em concreto, o Tenório tinha a sua função bem determinada (por ele!) naquele galinheiro (O galo no seu poleiro é rei), nunca querendo acreditar que iria ser ultrapassado pelo seu filho.
Na vida é assim mesmo, o percurso de cada um, tem um início e um fim, não permanecemos eternos, logo pudemos ser substituídos. Foi o que aconteceu ao Tenório. O seu filho nasceu para vir substituir o pai e como diz o provérbio “ Como canta o galo velho, assim cantará o novo”.

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Quem canta seus males espanta ou canta canta amigo canta, como dizia o Zeca Afonso ou era o José Mário Branco? ou talvez fosse o Fausto? Não sei, era um «desses».
Há muitos que cantam no chuva de estrelas, coitados cuidam que vão ser vedetas e ter sucesso a cantarolar as músicas de outros, pelo menos os galos cantam a música deles. Há outros ainda que cantam de galo durante quatro anos, a enganar outros galos e galinhas nesta capoeira com dez milhões de galináceos, 
Há também os galos de Cuba, da Coreia, da Rússia, etc. esses grandes pavões, para estes parece que nunca vai haver uma D. Maria com faca e alguidar, «raios partam» todavia esses, como todos os mortais serão ceifados; duma maneira ou de outra, morrem uns galos e nascem outros, não há insubstituíveis, pena é que certos galináceos sejam sempre submissos, não se entende como isto pode acontecer nesta capoeira que noutros tempos escorraçava os mouros, os espanhóis, os franceses, até tivemos a Maria da Fonte e a padeira de Aljubarrota, aaah, grandes revoltas… agora qualquer galo jótinha com formação ao domingo nos dá bicadas até ficarmos de cabeça baixa;
Agora até temos dois galos na mesma capoeira e todos sabemos que numa capoeira só pode haver um galo ou será que o preconceito está a mudar e os galos já repartem o poleiro.
Conveniência a quanto obrigas.

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Até para ser galo é preciso ter sorte. Tenório nasceu forte, bonito e com grande porte. Isso valeu-lhe para ser tratado de maneira diferente. Dominava todo o galinheiro. Ao contrário dos irmãos, eram feios e fraquinhos, isso fazia toda a diferença.
O tenório teve uma vida regalada e muito longa, mas todos tiveram o mesmo fim. Assim são as pessoas se vestem bem mesmo sendo patifes, são bem tratadas pela sociedade, e assim se vive da aparência.
Dizia assim António Aleixo: “Dizem que pareço um ladrão, mas há aqueles que eu conheço, que não parecendo o que são, são aquilo que eu pareço”.

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O conto relata uma pequena história de um galo que, quer pelo seu aspeto físico (alto, robusto, com uma crista vistosa e as suas lindas penas), quer pelo aspeto psíquico, ou seja, pelo seu carácter de liderança e virilidade que se destaca e que se impõe mediante o seu cacarejar, demonstra poder e força mas este poder é provisório já que, com o seu envelhecimento, rapidamente é substituído pelo "novo frango", por sinal, seu filho. O seu poder desaparece e a sua vaidade, orgulho, força, pouca humildade desvanece. Esta história é o espelho da sociedade, os homens procuram estar num pedestal, serem lideres e ter superioridade relativamente aos outros, no entanto, todo o poder é efémero assim como a própria vida ....