sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Toda a vida europeia morreu em Auschwitz



Milénios de evolução e séculos de progresso não nos prepararam para a barbárie e malvadez que o Séc. XX nos reservou. O Holocausto marcou a página negra na história da humanidade que permanecerá eternamente na memória dos homens livres, para sempre relembrando que as sociedades justas são equilíbrios precários que importa cuidar e proteger.
A história documenta que a humanidade sempre cresceu na opressão, conquistando cidades, restringindo liberdades, impondo vontades e ocultando verdades. Seremos nós dignos do atributo de racionais quando tudo o que fazemos acaba num tormento irracional?
Expansão, evangelização, ostracização...
Seja a Educação capaz de nos recolocar no rumo certo, de volta ao caminho da prosperidade e da paz, sem aterrorizar nem amedrontar, mas na dignidade e respeito, todos cidadãos completos, com plenos direitos e viva voz.

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O holocausto aconteceu na Alemanha, poderia acontecer em qualquer país? SIM.
O partido nazi elaborou um plano para exterminar os judeus sem contemplações, todavia não foram os únicos ao longo da estória;
Os cartagineses foram exterminados pelos romanos na expansão do seu império,
No Camboja milhões de opositores ao regime dos kmeres vermelhos, foram exterminados,
Nas ditaduras de alguns países da américa latina houve extermínios em massa de pessoas que apenas se opunham aos regimes,
Na Rússia, o Estaline
Nas suas famosas purgas exterminou mais de cinquenta milhões de russos, Bielorrusos, Giorgeanos, ucranianos e outras minorias,
No desmembramento da Jugoslávia também houve extermínios por parte de todas as partes envolvidas.
Todos estes extermínios aconteceram em diferentes locais do Planeta e em diferentes ocasiões perpetrados pelas mais diferentes raças e culturas,
Conclui-se portanto que um holocausto não é um exclusivo dos alemães, conclui-se que toda a Humanidade é capaz das maiores barbaridades contra a própria Humanidade.
Nas condições certas todos os povos são capazes de perpetrar um extermínio de uma raça, etnia ou cultura.
Não nos deixe-mos enganar a pensar que este ou aquele povo são mais capazes de um extermínio, todos o somos. 
Será evitável?

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Este artigo é, a meu ver, interessante pelo facto do escritor relatar e espelhar o sentimento de desaprovação total pelo holocausto, pelo genocídio em massa de milhões de judeus, enfim pelo extermínio étnico patrocinado pelo Estado nazista liderado por Hitler durante a segunda guerra mundial. Parte deste artigo é absolutamente provocador ao ponto de referir a Europa como destruidora de judeus e acolhedora de muçulmanos e, ao acusar a sociedade muçulmana de ter feito um contributo menor para a ciência, medindo a quantidade de prémios nobel, ao que julgo ser algo incomensurável. 
O autor foi imprudente e irresponsável na transmissão do seu pensamento, pois porque condena toda a sociedade muçulmana pelas ações de alguns indivíduos, revela uma atitude reprovável já que, o extremismo que ele condena é o extremismo que ele próprio revela nas suas próprias afirmações.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Tenório




A história do Tenório, o galo da obra dos “Bichos” de Miguel Torga, é a história dos muitos Tenórios na Terra. A personagem mostra como se relaciona com outros seres vivos. O conto, igualmente, retrata o ciclo de vida dos seres vivos, que nascem, crescem e morrem. Ciclos de vida marcados pelos sucessos, fracassos e incertezas da vida.
No ciclo de vida de cada ser vivo, nas suas várias etapas cada um tem o seu lugar definido, desempenha a sua função. São “criados” para desempenhar um determinado papel na Terra, e no caso em concreto, o Tenório tinha a sua função bem determinada (por ele!) naquele galinheiro (O galo no seu poleiro é rei), nunca querendo acreditar que iria ser ultrapassado pelo seu filho.
Na vida é assim mesmo, o percurso de cada um, tem um início e um fim, não permanecemos eternos, logo pudemos ser substituídos. Foi o que aconteceu ao Tenório. O seu filho nasceu para vir substituir o pai e como diz o provérbio “ Como canta o galo velho, assim cantará o novo”.

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Quem canta seus males espanta ou canta canta amigo canta, como dizia o Zeca Afonso ou era o José Mário Branco? ou talvez fosse o Fausto? Não sei, era um «desses».
Há muitos que cantam no chuva de estrelas, coitados cuidam que vão ser vedetas e ter sucesso a cantarolar as músicas de outros, pelo menos os galos cantam a música deles. Há outros ainda que cantam de galo durante quatro anos, a enganar outros galos e galinhas nesta capoeira com dez milhões de galináceos, 
Há também os galos de Cuba, da Coreia, da Rússia, etc. esses grandes pavões, para estes parece que nunca vai haver uma D. Maria com faca e alguidar, «raios partam» todavia esses, como todos os mortais serão ceifados; duma maneira ou de outra, morrem uns galos e nascem outros, não há insubstituíveis, pena é que certos galináceos sejam sempre submissos, não se entende como isto pode acontecer nesta capoeira que noutros tempos escorraçava os mouros, os espanhóis, os franceses, até tivemos a Maria da Fonte e a padeira de Aljubarrota, aaah, grandes revoltas… agora qualquer galo jótinha com formação ao domingo nos dá bicadas até ficarmos de cabeça baixa;
Agora até temos dois galos na mesma capoeira e todos sabemos que numa capoeira só pode haver um galo ou será que o preconceito está a mudar e os galos já repartem o poleiro.
Conveniência a quanto obrigas.

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Até para ser galo é preciso ter sorte. Tenório nasceu forte, bonito e com grande porte. Isso valeu-lhe para ser tratado de maneira diferente. Dominava todo o galinheiro. Ao contrário dos irmãos, eram feios e fraquinhos, isso fazia toda a diferença.
O tenório teve uma vida regalada e muito longa, mas todos tiveram o mesmo fim. Assim são as pessoas se vestem bem mesmo sendo patifes, são bem tratadas pela sociedade, e assim se vive da aparência.
Dizia assim António Aleixo: “Dizem que pareço um ladrão, mas há aqueles que eu conheço, que não parecendo o que são, são aquilo que eu pareço”.

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O conto relata uma pequena história de um galo que, quer pelo seu aspeto físico (alto, robusto, com uma crista vistosa e as suas lindas penas), quer pelo aspeto psíquico, ou seja, pelo seu carácter de liderança e virilidade que se destaca e que se impõe mediante o seu cacarejar, demonstra poder e força mas este poder é provisório já que, com o seu envelhecimento, rapidamente é substituído pelo "novo frango", por sinal, seu filho. O seu poder desaparece e a sua vaidade, orgulho, força, pouca humildade desvanece. Esta história é o espelho da sociedade, os homens procuram estar num pedestal, serem lideres e ter superioridade relativamente aos outros, no entanto, todo o poder é efémero assim como a própria vida ....